Por Dora Carvalho
Desde vez
em quando, filmes com histórias simples e produção despretensiosa conquistam o
espectador sem fazer muito alarde. Esse foi o caso de A incrível história de
Adaline (2015), um drama épico estrelado pela atriz Blake Lively (a eterna
Serena Van der Woodsen do seriado Gossip Girl). Como se fosse um conto, o
enredo flerta com o sobrenatural e brinca com a ciência, misturando passado,
presente e futuro, para contar a história de Adaline Bowman, uma americana que
nasceu na virada de 1908 e teve uma vida normal até os 29 anos, quando, após um
grave acidente, simplesmente parou de envelhecer.
Que mulher
nunca pensou, ao menos uma vez, em parar o relógio do envelhecimento? Para
Adaline Bowman, isso passou a ser uma maldição, obrigando-a a fugir das
autoridades e a não criar laços afetivos com ninguém até conhecer Ellis Jones
(Michiel Huisman – ator holandês e o galã do momento desde a estreia na quinta
temporada de Guerra dos Tronos).
Blake
Lively está bem no papel de uma mulher com 107 anos, sem grande necessidade de
interpretação, porque a história em si já é bastante curiosa. Ainda mais quando
ela está em cena como a mãe de uma mulher idosa, interpretada por Ellen
Burstyn, que já tem 82 anos. Mas a atriz consegue se descolar do estilo
“bombshell” que sempre foi associado ao personagem do seriado de TV. O figurino impecável da produção ajuda a
criar a aura de uma mulher que atravessou diversas vanguardas de moda. Há
sempre algum acessório no vestuário ou decoração da casa da personagem que nos
leva a entender que se trata de uma mulher que já viveu muito. Interessante
perceber os diversos elementos criados pela produção para que o espectador
entre no espírito de alguém que viu 100 anos da história dos Estados Unidos, mesclando
o roteiro com cenas reais do passado através filmagens antigas.
O longa é
dirigido por Lee Toland Krieger, cineasta de apenas 32 anos e com outros dois
filmes no currículo – Celeste e Jesse para sempre (2012) e The Vicious Kind
(2009). A produção teve orçamento de US$ 30 milhões e conseguiu arrecadar US$
13 milhões apenas no primeiro final de semana de lançamento, em abril de 2015,
surpreeendendo o estúdio Lakeshore e a produtora Lionsgate.
Harrison
Ford faz uma interessante participação especial no filme. É bom ver um ator
experiente fazendo dramas curiosos como esse com certa dignidade, sem cair nas
comédias românticas sem graça do momento, como temos visto acontecer com Robert
De Niro, Dustin Hoffman, só para citar alguns. O mesmo pode ser dito sobre
Kathy Baker, que eu já gostava desde o filme O clube de leitura de Jane Austen
(2007).
Quem espera
encontrar um enredo parecido com O curioso caso de Benjamin Button (David
Fincher, 2009), baseado no conto de F. Scott Fitzgerald, já aviso que não tem
nada a ver. A incrível história de Adaline é singular, leve e nos convida a
pensar em quantas vezes podemos desperdiçar oportunidades que a vida nos
apresenta. Mas é sem dúvida um filme agradável de assistir em um dia de inverno
e aproveitar a linda trilha sonora,
que tem de Ella Fitzgerald a Bob Dylan, para ajudar a marcar a passagem
do tempo.
A incrível
história de Adaline (2015)
1h52
Dora, belíssima resenha. O filme realmente causa curiosidade e fique com vontade de assistir. Essa questão sobre o tempo me fascina.
ResponderExcluirParabéns pelo blog.