Por Dora Carvalho
Desde o sucesso de Matrix (1999), os irmãos Wachowsky tentam
um filme após o outro criar roteiros e efeitos especiais que surpreendam tanto
quanto a trilogia que levou os dois cineastas ao mainstream do cinema. A
questão é: se a estratégia de criar uma história com múltiplas referências da
cultura pop deu ótimos resultados uma vez por que não repetir a fórmula? O fato
é que não está dando muito certo. Lamento dizer e já foi triste perceber isso
em Cloud Atlas (2013), que reunia um time excelente de atores e tinha uma ideia
bem interessante.
Sense8, a série dos dois cineastas produzida para o Netflix,
surpreende sim, pela ousadia do roteiro, cenas espetaculares, filmagens em
várias partes do planeta, a profusão de cores e o turbilhão de imagens que
passam por Londres, Berlim, Mumbai, Nairóbi etc, com locações e planos que
raramente são vistos em uma produção para televisão. A ideia de que oito
pessoas estão conectadas de alguma forma e que, mesmo a milhares de quilômetros
de distância conseguem sentir o que o outro está sentido – os “sensates”- é
sensacional - não há outra palavra, com perdão da redundância. E também há um
pouco de experimentalismos, o que é sempre ótimo.
Os atores estão excelentes em cena, com destaque para o
mexicano Miguel Ángel Silvestre, no papel de Lito, e é muito bom ver artistas americanos,
mexicanos, coreanos, indianos, etc, em uma única produção e ainda falando os
próprios idiomas. Todos muito bem em seus papéis e entrosados. Outro destaque do elenco é a participação de Daryl Hannah, cuja personagem parece ser o ponto inicial de conexão entre os sensates. Pena que a
história seja tão estranha e mal amarrada. É preciso pelo menos três episódios (são
12 no total) para pararmos de nos perguntar: afinal, sobre o que é a série? Só
fica melhor quando as conexões entre os sensates começam a aparecer e as
microestórias prendem a nossa atenção, mesmo que a gente não saiba muito onde o
enredo condutor da trama vá nos levar.
O que fica claro desde o início é a autorreferência. A cena final
de tiroteio do primeiro filme da saga Matrix tem um claro “remake” em um dos
episódios – foi divertido, porque teve reprise até da sonoplastia e pareceu proposital.
O que incomoda é a mania atual dos Wachowsky em querer não fazer sentido, como
aconteceu em Cloud Atlas, isso sem contar O destino de Júpiter (2014).
Ok, ok, para quê fazer sentido, com atores tão lindos, cenas
exuberantes e uma superprodução globalizada? Realmente, não precisa. Que pena!
A série tinha tudo para ser perfeita. Mas vale pela ousadia. Os produtores não
tiveram medo de fazer cenas fortes de violência e de sexo intenso. Não há nada
de politicamente correto na série. Ufa!
Quero muito assistir!!!
ResponderExcluirSempre vale a pena ver. Parece interessante!!!
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