sábado, 27 de agosto de 2016

Os 100 melhores filmes do século 21

Por Dora Carvalho

Em um primeiro momento, achei super prematura a eleição dos 100 melhores filmes do século 21, afinal, ainda estamos em 2016. Menos de duas décadas não me pareceu razoável a escolha de longas que tivessem marcado tanto assim a memória e as emoções do público. De início, soou como algo muito apressado. Até ler a lista com calma. De fato, há histórias tão boas neste ranking que é possível dizer sim que podem romper convenções do tempo. A BBC América pediu para 177 críticos de todos os continentes elegerem as melhores produções lançadas neste curto período e os títulos indicados acabaram quebrando o senso comum de que a criatividade na indústria cinematográfica está em crise ou, para os mais catastróficos, foi perdida no século passado.
Há filmes nesta lista que eu ainda não vi, lógico, mas há outros que assisti mais de um par de vezes e não me canso, como é o caso de “Amor à Flor da Pele” (Wong Kar-wai), Encontros e Desencontros (Sofia Coppola), WALL-E (Andrew Stanton), O tigre e o dragão (Ang Lee), Amantes Eternos (Jim Jarmusch), dentre outros excelentes. Há alguns que não me convenceram até hoje como Caché (Michael Haneke) e A Rede Social (David Fincher), mesmo após ter a paciência de ver mais de uma vez.
O mais importante nesta lista é a diversidade de estilos, diretores, países de origem e o fato de algumas produções, como A viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki) e Brilho Eterno de uma mente sem lembranças (Michel Gondry) serem tão diferentes e mesmo assim agradarem os cinéfilos mais exigentes. Em tempos de tão poucos lançamentos, talvez seja hora de recuperar os últimos 16 anos e colocar essa lista em dia. Mas sem pressa.



1. Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2001)

2. Amor À Flor Da Pele (Wong Kar-wai, 2000)

3. Sangue Negro (Paul Thomas Anderson, 2007)

4. A Viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki, 2001)

5. Boyhood (Richard Linklater, 2014)

6. Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Michel Gondry, 2004)

7. A Árvore da Vida (Terrence Malick, 2011)

8. Yi Yi (Edward Yang, 2000)

9. A Separação (Asghar Farhadi, 2011)

10. Onde os Fracos Não Têm Vez (Joel e Ethan Coen, 2007)

11. Inside Llewyn Davis — Balada de Um Homem Comum (Joel e Ethan Coen, 2013)

12. Zodíaco (David Fincher, 2007)

13. Filhos da Esperança (Alfonso Cuarón, 2006)

14. O Ato de Matar (Joshua Oppenheimer, 2012)

15. 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Cristian Mungiu, 2007)

16. Holy Motors (Leos Carax, 2012)

17. O Labirinto do Fauno (Guillermo Del Toro, 2006)

18. A Fita Branca (Michael Haneke, 2009)

19. Mad Max: Estrada da Fúria (George Miller, 2015)

20. Synecdoche, New York (Charlie Kaufman, 2008)

21. O Grande Hotel Budapeste (Wes Anderson, 2014)

22. Encontros e Desencontros (Sofia Coppola, 2003)

23. Caché (Michael Haneke, 2005)

24. O Mestre (Paul Thomas Anderson, 2012)

25. Amnésia (Christopher Nolan, 2000)

26. A Última Noite (Spike Lee, 2002)

27. A Rede Social (David Fincher, 2010)

28. Fale com Ela (Pedro Almodóvar, 2002)

29. WALL-E (Andrew Stanton, 2008)

30. Oldboy: Dias de Vingança (Park Chan-wook, 2003)

31. Margaret (Kenneth Lonergan, 2011)

32. A Vida dos Outros (Florian Henckel von Donnersmarck, 2006)

33. Batman: O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan, 2008)

34. O Filho de Saul (Laszlo Nemes, 2015)

35. O Tigre e o Dragão (Ang Lee, 2000)

36. Timbuktu (Abderrahmane Sissako, 2014)

37. Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (Apichatpong Weerasethakul, 2010)

38. Cidade de Deus (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002)

39.O Novo Mundo (Terrence Malick, 2005)

40. O Segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005)

41. Divertida Mente (Pete Docter, 2015)

42. Amour (Michael Haneke, 2012)

43. Melancolia (Lars von Trier, 2011)

44. 12 Anos de Escravidão (Steve McQueen, 2013)

45. Azul é a Cor Mais Quente (Abdellatif Kechiche, 2013)

46. Cópia Fiel (Abbas Kiarostami, 2010)

47. Leviathan (Andrey Zvyagintsev, 2014)

48. Brooklyn (John Crowley, 2015)

49. Adeus à Linguagem (Jean-Luc Godard, 2014)

50. Nie Yinniang (Hou Hsiao-hsien, 2015)

51. A Origem (Christopher Nolan, 2010)

52. Mal dos Trópicos (Apichatpong Weerasethakul, 2004)

53. Moulin Rouge (Baz Luhrmann, 2001)

54. Era uma Vez na Anatólia (Nuri Bilge Ceylan, 2011)

55. Ida (Pawel Pawlikowski, 2013)

56. A Harmonia Werckmeister (Bela Tarr e Ágnes Hranitzky, 2000)

57. A Hora Mais Escura (Kathryn Bigelow, 2012)

58. Moolaadé (Ousmane Sembène, 2004)

59. Marcas da Violência (David Cronenberg, 2005)

60. Síndromes e um Século (Apichatpong Weerasethakul, 2006)

61. Sob a Pele (Jonathan Glazer, 2013)

62. Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009)

63. O Cavalo de Turin (Bela Tarr e Ágnes Hranitzky, 2011)

64. A Grande Beleza (Paolo Sorrentino, 2013)

65. Aquário (Andrea Arnold, 2009)

66. Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera (Kim Ki-duk, 2003)

67. Guerra ao Terror (Kathryn Bigelow, 2008)

68. Os Excêntricos Tenenbaums (Wes Anderson, 2001)

69. Carol (Todd Haynes, 2015)

70. Histórias que Contamos (Sarah Polley, 2012)

71. Tabu (Miguel Gomes, 2012)

72. Amantes Eternos (Jim Jarmusch, 2013)

73. Antes do Pôr do Sol (Richard Linklater, 2004)

74. Spring Breakers: Garotas Perigosas (Harmony Korine, 2012)

75. Vício Inerente (Paul Thomas Anderson, 2014)

76. Dogville (Lars von Trier, 2003)

77. O Escafandro e a Borboleta (Julian Schnabel, 2007)

78. O Lobo de Wall Street (Martin Scorsese, 2013)

79. Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000)

80. The Return (Andrey Zvyagintsev, 2003)

81. Shame (Steve McQueen, 2011)

82. Um Homem Sério (Joel e Ethan Coen, 2009)

83. A.I. — Inteligência Artificial (Steven Spielberg, 2001)

84. Ela (Spike Jonze, 2013)

85. O Profeta (Jacques Audiard, 2009)

86. Longe do Paraíso (Todd Haynes, 2002)

87. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Jean-Pierre Jeunet, 2001)

88. Spotlight: Segredos Revelados (Tom McCarthy, 2015)

89. La Mujer Sin Cabeza (Lucrecia Martel, 2008)

90. O Pianista (Roman Polanski, 2002)

91. O Segredo dos Seus Olhos (Juan Jose Campanella, 2009)

92. O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (Andrew Dominik, 2007)

93. Ratatouille (Brad Bird, 2007)

94. Deixa Ela Entrar (Tomas Alfredson, 2008)

95. Moonrise Kingdom (Wes Anderson, 2012)

96. Procurando Nemo (Andrew Stanton, 2003)

97. Minha Terra África (Claire Denis, 2009)

98. Dez (Abbas Kiarostami, 2002)

99. The Gleaners and I (Agnès Varda, 2000)

100. Carlos (Olivier Assayas, 2010)

100. Réquiem para um Sonho (Darren Aronofsky, 2000)

100. Toni Erdmann (Maren Ade, 2016)


sábado, 6 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida: trilha sonora já vale o filme

Por Dora Carvalho

A propaganda e o suspense entorno do filme Esquadrão Suicida (2016) gerou uma grande expectativa entre os fãs de HQs ainda mais por dar destaques a alguns dos tipos mais estranhos e malvados dos quadrinhos da DC Comics. O filme estreou com grande bilheteria – US$ 65 milhões em apenas três dias – mas muitos não ficaram tão empolgados com o enredo. O longa dirigido e escrito por David Ayer (Corações de Ferro/2014 e Velozes e Furiosos/2001) é uma espécie de conexão de Batman vs Superman com o que vem pela frente – personagens como Mulher Maravilha (2017), Aquaman (2018) e Liga da Justiça (2017) logo ganharão as telas. Talvez seja por isso que terminamos Esquadrão Suicida com gostinho de quero mais.
Mas, apesar de a crítica ter torcido o nariz, os primeiros 30 minutos de filme já valem só pela trilha sonora sensacional. Para o deleite dos fãs do bom e velho rock clássico as cenas são encadeadas com a seguinte sequência: The Animals com “The House of the rising sun”; os Rolling Stones aparecem com “Simpathy for the Devil; Black Sabbath é homenageado com “Paranoid”; AC/DC enche de humor a tela com “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” e “Bohemian Rapsody” do Queen reforça mais para o final do filme a ideia de que os personagens são adoráveis foras de lei.
O enredo leve ganha força, sem dúvida, com os personagens de Will Smith (Pistoleiro) e, claro, com a Arlequina de Margot Robbie, que empresta uma doce insanidade à personagem. Jared Leto está irreconhecível como Coringa, mas o personagem ainda é uma figura de mistério. Viola Davis, mais uma vez, rouba a cena, perfeita no papel de chefe da força tarefa de assassinos enlouquecidos. 

A verdadeira vilã da trama, infelizmente, fica apagada e não convence. Cara Delevigne no papel de A Bruxa é uma figura pálida e sem muita consistência na trama. Talvez essa seja a principal falha, fator que acabou empobrecendo o roteiro e o ritmo do filme. Mas Esquadrão Suicida resgata algo que há muito os fãs pedem. Um ritmo de história e sequência de cenas mais próximas dos HQs. E ainda a diversão de escolher o malvado favorito.