Por Dora Carvalho
A série
britânica River é daquelas de assistir de um só fôlego. É como um daqueles
livros que só largamos após a última linha da história. A produção também é
prova de que a TV, cada vez mais, consegue alcançar a literatura, não só pelo
enredo, mas pelo que consegue provocar no espectador. A escolha de um ator com
o brilhantismo de Stellan Skarsgård (Thor/Melancolia) indica que não
há mais separação entre produções televisivas e cinema de altíssimo nível de
qualidade. E os atores sabem muito bem disso e quem ganha somos nós.
Skarsgård é o policial John River, detetive da divisão de crimes violentos e
homicídios da polícia londrina. Logo no início da trama comete um terrível
erro. Todos que estão no entorno do personagem vão cobrar reparação, inclusive
os mortos.
A chave da
trama é apresentada para o público logo nos primeiros 20 minutos do episódio 1.
A série tem seis capítulos de pouco mais de 50 minutos cada, com um ritmo que
se desenrola sem a menor necessidade de pressa. É nítido que a atuação de
Skarsgård contribui para o desenvolvimento do enredo. O ator praticamente faz
com que o telespectador sinta o que ele está sentindo, característica principal
de boas obras literárias. A série alcança esse triunfo sem a menor dificuldade,
dada a qualidade também dos atores que estão no entorno do protagonista. Há um
detalhe que parece pequeno à primeira vista, mas determinante para o
envolvimento da audiência: os atores são comuns, sem maquiagem ou aparência
impecável e heróica. Todos têm a expressão cansada e convicta de policiais
exercendo o ofício madrugadas adentro, com jeito de quem se alimenta apenas de
comida ruim de fast-food e café de máquina. E é isso que nos faz ter grande
identificação com os dramas apresentados, pois são pessoas como qualquer um de
nós.
A série foi
escrita por Abi Morgan, responsável também pela excelente The Hour. Prepara-se
para diálogos impecáveis em densidade, clareza e referências a outras obras de
cinema, TV, literatura e música. É um flerte do noir com o sobrenatural. A
produção é da BBC One e veiculada internacionalmente pelo Netflix.
River tem
começo, meio e fim, porém, discussões suficientes para dar um certo “bug”
cerebral. O mais importante é que ela permanece e perturba nossos pensamentos
um bom tempo após o término. O enredo se fecha, mas, antes disso, o espectador
já mergulhou na história e não tem mais como sair dela.
Acabei de assistir, realmente fiquei perplexa com o desenrolar da trama e, principalmente a atuação do protagonista, as cenas finais são memoráveis, dá um nó no estômago de tão emocionante! Sabia que não me arrependeria de seguir sua dica Dora.
ResponderExcluirLuciene M. Nascimento.