segunda-feira, 25 de abril de 2016

Espécie extinta

Por Vilma Pavani

Alguns até se esforçam ou se aproximam. Mas não é fácil. E não adianta dizer que os tempos mudaram, porque mudaram mesmo e não foi, nesse caso, para melhor. Estou falando do charme e do carisma dos galãs dos anos 40 até 70, no máximo. E também não se diga que penso isso porque sou velha, pois nos anos 40 eu nem era nascida e assim mesmo adoro os atores daquela época, com sua elegância, discrição e uma quase arrogante masculinidade, em alguns casos, embora outros primassem pela sutileza. 
Marlon Brando é o grande exemplo: aliava os traços perfeitos a uma rudeza de estilo que as mulheres amavam. Era o macho alfa, que estalava os dedos e a gente ia. Nananinanão, nada de dizer que isso só valia porque as mulheres daquela época eram na maioria submissas. A verdade é que com ele, parecia sexy ser arrastada pelos cabelos, como no tempo das cavernas. E ele bem que sabia lançar aqueles olhares de mormaço quando queria parecer frágil no fundo (mas beeeem no fundo).
Brando era o fetiche feminino por excelência. Mas o homem com que toda mulher queria casar, de acordo com a perspicaz observação das mais famosa crítica de cinema americana, Pauline Kael, era bem diferente: Cary Grant, elegantérrimo, sutil, galante e inteligente. Voz agradável, jeito tranquilo, boas maneiras, pinta de galã mas cara de macho. Creio que nem a Kael sabia quando escreveu o artigo, pois a coisa ficou guardada no fundo do baú por muitos anos, mas Cary Grant era gay, o que precisou esconder por toda a vida, já que naquela época ser gay era incompatível com Hollywood. Foi o caso de outro charmoso da época, Gary Cooper, e de Rock Hudson, todos amados pelas mulheres. Enquanto isso, Tony Curtis, com sua beleza quase feminina e que sempre me pareceu suspeito, foi um dos maiores “ladiesman” de Hollywood, garanhão que hoje é mais conhecido como o pai de Jamie Lee Curtis. 
Quer mais charme do que tinha Humphrey Bogart? Baixinho, feioso e irresistível. Ou ainda Clarck Gable? Se o primeiro era um beberrão e o segundo tinha mau hálito, isso não chegava até as fanzocas. Em compensação, o maravilhoso, fino e inteligente Paul Newman só tinha como defeito ter sido um ótimo marido, ao longo de mais de 50 anos, da sortuda atriz Joanne Woodward.
Bem diferente dele, Frank Sinatra colecionava casamentos e suspiros. E manteve o velho encanto dos olhos azuis até o fim da vida. James Stewart , por seu lado, fazia a linha "séria": passava uma ideia de confiabilidade, estabilidade, sem perder o charme jamais. Quem não gostaria de casar com um homem assim? Além de tudo era educado, aquele tipo que abre a porta do carro e tudo o mais.

Marlon Brando, Cary Grant, Gary Cooper, Rock Hudson, Tony Curtis, Humphrey Bogart, Clarck Gable, Paul Newman e Frank Sinatra


E veja-se que aqui só estamos falando de Hollywood. Porque saindo para o velho continente, tínhamos os franceses Alain Delon, provavelmente o homem mais bonito de seu tempo, Jean Louis Tritignant, com aquele jeito meio intelectual de ser, e o feioso e encantador Jean Paul Belmondo. Sem falar na receita italiana jamais repetida, com o inigualável Marcelo Mastroianni. No Brasil, tivemos Dick Farney e Hélio Souto, galãs que nada ficavam a dever aos de fora.

Hoje só consigo pensar em George Clooney para manter acesa a chama do charme antigo. Provavelmente outros até poderiam ter papel semelhante, como Hugh Jackman ou Henry Cavill, mas estão muito ocupados fazendo super heróis. E convenhamos, por mais legal que seja um super herói, jamais vai abrir a porta para a gente...

Marcelo Mastroianni, Alain Delon, Jean Loius Trintignant, Jean Paul Belmondo, James Stewart, Dick Farney, Helio Souto e George Clooney

domingo, 10 de abril de 2016

Wallander: detetive soturno

Por Dora Carvalho


O Netflix disponibilizou as quatro temporadas do seriado britânico Wallander, estrelado por Kenneth Branagh, para deleite dos fãs da premiada série britânica. Aqui no Brasil foi lançado em DVD apenas a primeira temporada e já está esgotada nas lojas há algum tempo.
A história é inspirada nos livros do escritor sueco Henning Mankell e começou a ser produzida em 2006 pela BBC. De lá para cá, já faturou os prêmios britânicos de drama televisivo seis vezes e um de melhor ator para Branagh.
O ator interpreta Kurt Wallander, personagem de uma série de livros de Mankell, um inspetor que atua na pequena cidade de Ystad, na Suécia. O caráter psicológico da trama e a personalidade do protagonista são os maiores diferenciais do seriado em comparação a outras tramas de detetives, além do fato de os produtores terem decidido por um cenário sueco, para ficar mais próximo do enredo dos livros, em vez de filmar em locações inglesas.
Cada temporada tem três episódios de aproximadamente 1h30 cada um, o que permite um mergulho na história e nas características do personagem. A atuação de Branagh, obviamente, é brilhante e o ator emprestou a Wallander ares de detetive soturno, porém, ligeiramente atrapalhado. Mas isso é só na aparência. O personagem tem relações conturbadas com a família, principalmente com a filha.
O que chama mais atenção logo no primeiro episódio é a beleza e aparente calmaria da pequena cidade de Ystad, que na verdade esconde violência e crimes aterradores.
Em maio, vai ao ar na Inglaterra a temporada final da série. Para quem não viu, agora é assistir as temporadas em maratona. Ou torcer para estrear logo por aqui a última temporada.






domingo, 3 de abril de 2016

Marseille: a disputa pelo poder no sul da França

Por Dora Carvalho

O ator Gerard Depardieu será a estrela da série Marseille – produção original francesa para o Netflix. A trama está sendo chamada de House of Cards francês, por tratar de disputa pelo poder e corrupção na cidade portuária de Marselha, no sul da França.
O enredo vai girar em torno de Robert Taro (Gerard Depardieu), prefeito da cidade de Marselha há 25 anos e que terá que enfrentar novas eleições contra um candidato muito ambicioso (interpretado pelo ator Benoît Magimel).
Depardieu há tempos não faz um trabalho de grande expressão e que tenha chegado ao Brasil com alarde. O ator, que está com 67 anos, pôde ser visto pelo público brasileiro em uma produção recente no comovente Minhas tardes com Margueritte (2011) e em Asterix e Obelix: Ao serviço de sua majestade (2012).
Mas ninguém tem dúvida da força do dramática de Depardieu e, apenas pelo trailer de Marseille, já dá para perceber que o projeto é sensacional.

A estreia mundial é 5 de maio. A temporada inaugural terá oito episódios. A série é dirigida por Dan Franck e é a primeira produção original Netflix realizada pelos franceses. Só posso dizer que a expectativa é altíssima.