Por Dora Carvalho
Pode ser a
última vez que Sam Mendes esteja a frente da direção de um longa da franquia
007 e que o ator Daniel Craig atue na pele de James Bond. Então, fico
imaginando o desafio de futuros atores e diretores para ultrapassar 007 - Contra Spectre. Não apenas em razão do sucesso de bilheterias, mas
também pelo fato de o enredo estar cada vez mais conectado com a realidade de
um mundo em que os serviços de inteligência das potências globais não conseguem
conter o avanço ataques terroristas, tráfico de armamento, bombas e a
influência de criminosos no sistema político de nações em conflito.
Apesar de
conectado com a trama de Casino Royale (2006), Quantum of Solace (2008) e
Skyfall (2012), Spectre deixa um pouco de lado a fórmula comum aos filmes da
saga para ficar mais próximo da dureza dos nossos tempos e confronta o fato de
que há muita hipocrisia de todos os lados quando se fala em guerra ao terror. Bilhões de dólares são investidos em um
pseudo e ilusório sistema de segurança global, conta o enredo do filme, com o
intuito de monitorar todas as ações dos países mais ricos do mundo e a atuação
dos sistemas de inteligência com o objetivo de evitar falhas. Mas há quem isso
realmente interessa?, questiona a trama do longa.
Mas como um
filme de James Bond não pode deixar de ter muita ação, o agente da rainha vai à
Cidade do México para eliminar Marco Sciarra, um negociador de armas conectado
a uma organização secreta – mistério esse que vem sendo desenhado desde Casino
Royale e foi muito bem amarrado em Spectre. Os primeiros dez minutos do filme
se passam na Festa dos Mortos, um incrível desfile de pessoas fantasiadas de caveiras e criaturas de
outro mundo.
Quem não viu o filme
ainda, prepare-se para ficar pelo menos dez minutos sem piscar, já que a
sequência de ação já pode ser considerada a mais eletrizante da história da
saga e também a mais bonita, dada a riqueza das alegorias dos festejos,
elevando o filme a um padrão estético nunca visto.
Tudo leva
Bond a encontrar o grande vilão do longa – Franz Oberhauser, vivido por
Christopher Waltz que, mais uma vez, parece passear em cena. Não canso de dizer
o quanto esse ator é bom e, para mim, é um dos melhores vilões da saga até
agora. Por falar em atores, uma das principais qualidades de Spectre está
justamente na escolha do elenco que, além de muito afinado, quebra muito o
padrão de bond girls glamurosas, porém, insossas. As atrizes Lea Seydoux e
Monica Belucci são lindas, mas estão longe de representar apenas o papel da
mocinha em apuros. É preciso também falar de Ralph Fiennes que assume agora o
papel de “M”. Já disse aqui no blog que fiquei triste quando Judi Dench não
podia mais fazer parte da trama, já que adoro essa atriz. Mas quando soube que
Fiennes faria a substituição não tive dúvidas de que os produtores não estavam
brincando com os fãs. E, no final das contas, a atriz nem ficou tão de for a
assim da trama… (vou evitar spoilers).
Quem é fã
da saga, espere muita diversão bem de acordo com a fórmula de sucesso da
franquia 007, mas com muito mais ação e um surpreendente toque de humor, vindos principalmente de Craig e dos atores do entorno da trama central. Apenas um ponto negativo: a música tema (Writing's on the Wall), interpretada pelo cantor Sam Smith, não me pareceu tão envolvente.
Esse é
24° longa da cinessérie e o quarto protagonizado por Daniel Craig. O ator é
o sexto James Bond da história e ainda não há confirmação se vai continuar ou
não. Espero que sim, já que Roger Moore, por exemplo, fez cinco filmes. Mas, antes,
uma nova batalha está por vir. Qual estúdio vai assumir a franquia? O contrato
com a Sony, que investiu US$ 400 milhões só em Spectre, termina com esse último
longa e a Warner deve entrar na disputa. Em todo o mundo, Spectre já bateu
recordes de bilheterias. Resta saber se vai atingir o sucesso de Skyfall, o
primeiro filme da saga 007 a ultrapassar a casa de US$ 1 bilhão em arrecadação
global. Apesar das negativas, a minha torcida é pelo “fica Daniel Craig!”.
O site oficial do filme está cheio de informações sobre Spectre. Vale a pena visitar e entrar no mundo de James Bond.
http://www.007.com/
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