Por Dora Carvalho
O livro
Frankenstein, da escritora britânica Mary Shelley, é um dos romances mais
bonitos e ao mesmo tempo um dos mais assustadores da literatura ocidental.
Vários diretores e roteiristas adaptaram a história para a tela grande e para a
telinha, mas a complexidade da obra dificulta a transposição de todas as
nuances do enredo. Resta então criar a própria versão, como é o caso de
Victor Frankenstein (2015), que conta a trajetória do criador antes da
criatura. Então, se você espera ver nas telas algo próximo do livro, esqueça.
Dirigido
por Paul McGuigan, que tem no currículo a direção de episódios de várias séries
de TV, como Sherlock, Scandal, e filmes de menor expressão, Victor Frankenstein
tem como trunfo a presença de atores conhecidos como protagonistas. O roteiro é
assinado por Max Landis, que neste ano também está a frente de American Ultra
(2015).
Daniel
Radcliffe parece cada vez mais se descolar da figura do bruxinho Harry Potter e
o ator James McAvoy, no papel do personagem-título, vem transitando por
diversos papéis de filmes de ação e neste mostra uma faceta mais visceral e de
loucura, bem próximo da personalidade do personagem criado por Mary Shelley.
A história
é contada a partir do ponto de vista de Igor Straussman (Radcliffe), um palhaço
de circo corcunda, maltratado nas apresentações circenses, que acaba sendo resgatado
por Victor Frankenstein. As cenas de fuga e perseguição são vertiginosas e logo
dão o tom do filme. Igor, apesar de viver praticamente nas jaulas do circo,
gosta de medicina e aprendeu sozinho anatomia e técnicas cirúrgicas. Esse fato
chama a atenção de Victor Frankenstein, logo após Igor salvar a vida da
acrobata Lorelei (Jessica Brown-Findlay, de Downton Abbey), com uma inusitada
técnica cirúrgica. Victor percebe então que o rapaz pode atender seus
propósitos de criação de vida após a morte.
O filme é
um daqueles que costuma agradar mais o público do que a crítica especializada,
que torceu o nariz para a produção. Trilha sonora, figurino, cenários e
ambientação na Londres vitoriana estão impecáveis. No elenco, ainda tem a
presença de ótimos atores, como Charles Dance (Tywin Lannister/Guerra dos
Tronos), Andrew Scott (Spectre e Sherlock). E se você prestar muita atenção, perceberá
que Mark Gatiss (o Mycroft em Sherlock) faz uma pequena participação.
O enredo
tende a certos momentos para o exagero, mas nada que estrague a diversão, se o
espectador não for muito exigente. Boa sessão da tarde para o período de férias
que está chegando.
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