Por Dora Carvalho
Poucos
filmes ganham de fato uma experiência de cinema diferente com a tecnologia 3D.
A sensação de profundidade das cenas e “mergulho” na estória prometida nem
sempre é tão significativa. A exceção é Star Trek – Sem fronteiras (2016). A
franquia é, sem dúvida, uma das poucas hoje em dia que não dá para dizer que
vai esperar para ver na televisão, já que uma das marcas registradas do enredo
é sempre alternar as cenas de ação com a amplitude dos cenários interestelares,
sempre tão bem construídos, com imagens de nebulosas, galáxias, órbitas de
planetas e estações orbitais fascinantes e realistas. Só a tela grande pode
oferecer toda a beleza produzida (é lógico que um fã não vai deixar de ver
também na telinha).
O diretor
Justin Lin, que ficou conhecido pela direção de alguns episódios de Velozes e
Furiosos, deu a Star Trek – Sem Fronteiras um pouco mais de ação do que
costumamos ver na trama e o roteiro tem menos diálogos a respeito de conexão
entre povos interplanetários, pacifismo e a necessidade da raça humana se
considerar dona do universo ou superior. Desta vez, o longa tem um clima mais
vertiginoso, com mais tiros, velocidade e pancadaria. Alguns podem criticar o
longa por isso. Porém, há um ganho em trazer um tom mais nostálgico e
referências mais diretas aos episódios clássicos da saga. Clima esse que vem de
J.J Abrams, que assina a produção do filme e tem a particularidade de tentar
agradar o público dos clássicos dos anos 70 e 80 e ainda atrair novos fãs,
assim como tem feito com Star Wars.
A USS Enterprise
neste décimo terceiro filme da trama tem a missão de resgatar uma tripulação amiga
que está perdida em uma nébula muito distante e desconhecida. Capitão James T.
Kirk (Chris Pine) segue junto com Spock (Zachary Quinto) e Leonard McCoy (Karl
Urban) em resgate e lá acaba tendo a nave destruída e são obrigados a
abandoná-la, caindo em um planeta desconhecido. Tudo não passa de uma armadilha
de um inimigo da Federação Unida dos Planetas. E, então, começa o que os fãs
mais ardorosos da trama adoram: propulsores de dobra no tempo são ativados,
personagens são teletransportados de um lugar a outro por meio de dispositivos
não muito diferentes de um telefone celular e abre-se um mundo de tecnologia
ultra-avançada que agora nos parece muito mais possível do que quando a saga
estreou em 1966. E as condições da Física ilustradas por Albert Einstein - espaço-tempo, energia, luz e gravidade - tornam-se conceitos deliciosamente
simples.
Apenas uma
ressalva. O vilão Krall, interpretado pelo excelente ator Idris Elba, poderia ter brilhado mais e ter tido mais espaço no roteiro, assim como
aconteceu com Benedict Cumberbatch em Star Trek – Além da Escuridão (2013).
Talvez por isso o longa tenha perdido um pouco o tom mais filosófico, uma das
marcas do enredo, já que não teve um peso maior para o conflito vivido pelo inimigo.
Mas, com a
estreia da série Star Trek: Discovery no Netflix no ano que vem, abre-se novas
possibilidades para futuros longas. Por mim, poderia ter um filme todo ano.
Enquanto isso, o Netflix disponibiliza aos poucos os 727 episódios da série de
TV, desde o clássico de 1966. Os filmes do reboot também já estão no serviço de
streaming. Já são 50 anos de lançamento da franquia. Como diria um vulcano, vida
longa e próspera.
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