Por Vilma Pavani
Definitivamente este não será um blockbuster ou mesmo um filme de
sucesso, ao menos no Brasil. Mas O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice), com Tobey
Maguire no papel do enxadrista americano Bobby Fischer, e Liev Schreiber como
seu adversário russo Boris Spassky, é um bom entretenimento para quem gosta de
histórias reais sobre momentos culminantes no esporte e as circunstâncias em
que se produzem campeões – e malucos de pedra.
O momento chave do filme é a disputa em 1972, na Islândia, pelo
campeonato mundial de xadrez, que Fisher, em sua genialidade paranoica, vence o
campeão russo que por três anos dominara o cenário mundial. Mas mais ainda, e é
pena que o filme não se aprofunde mais nesse contexto, é um retrato de uma
época conturbada, em que a guerra fria entre EUA e URSS está no auge e em que
tudo, desde a corrida espacial até disputas de atletismo valiam para cada uma das
potências como amostra de sua superioridade.
Começando a jogar ainda criança na década de 50, Fischer vive entre o temor dos comunistas (e sua mãe era uma ativista), a falta de privacidade para treinar e sua avidez em se tornar o mais jovem campeão do mundo. Ele passa batido pelas grandes questões dos anos 60, como a guerra do Vietnã, os hippies, a ameaça nuclear, ao mesmo tempo em que sua genialidade no xadrez não é isenta de problemas mentais - acredita piamente, por exemplo, num complô comunista contra ele, se sente espionado o tempo todo e ainda se ressente do poder financeiro dos judeus a ponto de se tornar antissemita - mesmo sendo um deles!
Fischer é uma figura pouco simpática, rude, megalomaníaca, movida a dinheiro e com exigências de prima-dona. Entretanto, é a única chance dos EUA vencerem a supremacia dos russos no xadrez. Boris Spassky, por seu lado, é um profissional completo, mas sofre a pressão soviética que também o vê como uma arma ideológica.
O Dono do Jogo não tem ação no sentido clássico e para muita gente, em especial quem não viveu ou não conhece a época dos acontecimentos, pode soar meio sem graça. Para mim, que estava na faixa dos 20 anos na época, foi muito interessante, porque além de entender uma série de coisas sobre o que fazia Fischer ser uma figura tão arrogante, me rememorou a febre do xadrez que tomou conta do Brasil, quando a imprensa mantinha até colunas sobre os principais jogos nacionais e internacionais. Vivemos aqui a era Mequinho, um ótimo jogador que vi jogar enfrentando vários adversários ao mesmo tempo, algo que Fischer fazia nos EUA.
Começando a jogar ainda criança na década de 50, Fischer vive entre o temor dos comunistas (e sua mãe era uma ativista), a falta de privacidade para treinar e sua avidez em se tornar o mais jovem campeão do mundo. Ele passa batido pelas grandes questões dos anos 60, como a guerra do Vietnã, os hippies, a ameaça nuclear, ao mesmo tempo em que sua genialidade no xadrez não é isenta de problemas mentais - acredita piamente, por exemplo, num complô comunista contra ele, se sente espionado o tempo todo e ainda se ressente do poder financeiro dos judeus a ponto de se tornar antissemita - mesmo sendo um deles!
Fischer é uma figura pouco simpática, rude, megalomaníaca, movida a dinheiro e com exigências de prima-dona. Entretanto, é a única chance dos EUA vencerem a supremacia dos russos no xadrez. Boris Spassky, por seu lado, é um profissional completo, mas sofre a pressão soviética que também o vê como uma arma ideológica.
O Dono do Jogo não tem ação no sentido clássico e para muita gente, em especial quem não viveu ou não conhece a época dos acontecimentos, pode soar meio sem graça. Para mim, que estava na faixa dos 20 anos na época, foi muito interessante, porque além de entender uma série de coisas sobre o que fazia Fischer ser uma figura tão arrogante, me rememorou a febre do xadrez que tomou conta do Brasil, quando a imprensa mantinha até colunas sobre os principais jogos nacionais e internacionais. Vivemos aqui a era Mequinho, um ótimo jogador que vi jogar enfrentando vários adversários ao mesmo tempo, algo que Fischer fazia nos EUA.
O título em inglês, que significa O sacrifício do peão (ou pião,
como querem alguns) é bem mais
expressivo que o nacional, pois
tanto pode representar a estratégia de perder uma peça importante para ganhar o
jogo, como aludir ao sacrifício da sanidade do próprio jogador em função de
torná-lo um campeão, uma peça-chave dos interesses políticos da época.
De modo geral, trata-se de um filme quadradinho, dirigido por
Edward Zwick (de O último Samurai e Diamantes de Sangue) e produzido pelo
próprio Tobey Maguire. Procura recriar o clima da época, mas não se pode dizer
que fez a ligação clara entre o que se passa na cabeça de Fischer e o que se
passa no mundo. Os atores estão bem e são bem parecidos com os personagens
originais. Como se trata de fatos reais, não vejo problema em dizer que o filme
termina em 72 mas traz
informações sobre a deterioração mental de Fischer, que morreu pobre asilado na Islândia em 2008, depois de viver
recluso por muitos anos e ter até sido preso por vagabundagem depois
de abandonar o xadrez no auge da fama. Coisas de louco. Ou de gênio.
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