sábado, 11 de junho de 2016

Frio, namorados e filmes antigos

Por Dora Carvalho

Quando se fala em filmes românticos, dificilmente consigo deixar de fazer uma lista de clássicos do cinema. Ainda mais em um final de semana que temos a rara combinação de muito frio e Dia dos Namorados. Esses filmes, por mais que tenham décadas de existência, parecem guardar uma originalidade que nunca perdem o tom de novidade e a capacidade de emocionar, seja para derramar algumas lágrimas ou dar muitas risadas. E nem precisa assistir a dois, porque o final de semana pede uma sessão nostálgica até com a família. E também ninguém quer só clichês, então, segue uma lista bem variada.




A dama e o vagabundo

Este filme de 1955 parece ter se eternizado na memória de muitas crianças e adultos. Foi o primeiro filme animado feito em widescreen pela Walt Disney. O enredo conta a história da pequena cocker spaniel Lady, que ao se perder dos seus donos, encontra apoio em um cachorro de rua, o Vagabundo. A clássica cena do espaguete é considerada até hoje uma das mais românticas do cinema.



Bonequinha de Luxo

Holly Golightly vivida por Audrey Hepburn é uma personagem inesquecível. O longa adaptado do livro de Truman Capote tem tantas cenas incríveis e é tão bonito que fica impossível fazer apenas uma sinopse. E não tinha lá tanta intenção romântica, mas é pura poesia. O filme é de 1961 e recebeu cinco indicações ao Oscar, mas venceu em duas: melhor canção, com Moon River, e melhor trilha sonora original, produzida por Henri Mancini. Só posso dizer uma coisa: a cena final é uma das mais lindas que já vi no cinema.




Ladrão de casaca

Como sinto falta da beleza e elegância dos atores de filmes antigos. O charme de Cary Grant no papel de o “Gato” é de suspirar. Ele faz o bon vivant e ladrão de joias John Robie, que precisa fugir das autoridades da Riviera Francesa por um crime que jura não ter cometido. Para se safar da cadeia, aproveita a elegância da bela Frances Hayes, vivida por Grace Kelly. O longa de 1955 foi dirigido por Alfred Hitchcock e é considerado um filme de suspense. Mas para mim é um desfile de beldades...



Casablanca

Humphrey Bogart e Ingrid Bergman protagonizaram em 1942 a cena final que, sem dúvida, está entre as dez melhores do cinema. Recebeu oito indicações ao Oscar e venceu três: melhor filme, diretor e roteiro adaptado.




As pontes de Madison

Mais um filme de grandes atores: Meryl Streep e Clint Eastwood e ainda uma história bem construída e que foge do óbvio. O resultado é um drama romântico daqueles de ficar horas se perguntando depois “e se...?”. O longa foi produzido por Clint Eastwood em 1995. E ele mesmo interpreta um fotógrafo da National Geografic que vai para a pequena cidade de Madison fazer fotos das antigas pontes da cidade. Lá, conhece Francesca, uma dona de casa italiana.



Antes do Amanhecer, Antes do pôr do sol e Antes da meia-noite

O diretor Richard Linklater fez, em 1995, um filme sobre encontros fortuitos, que geram consequências que ficam pairando por anos na vida dos protagonistas. E não deixou os telespectadores sem resposta. Em 2004, fez Ethan Hawke e Julie Delpy, os mesmos atores do primeiro longa se reencontrarem. Podia ter parado por aí, mas decidiu fazer Antes da meia-noite em 2013 que, na minha opinião, não tinha a menor necessidade. Mas os dois primeiros valem tanto que o último nem precisa ser visto.




Wall-E

O longa de animação de 2008 tem um inusitado e doce encontro dos robozinhos mais fofos do cinema. As aventuras de Wall-E e da robô EVA mudam o destino da humanidade e nos convidam a refletir sobre que futuro queremos para todos.



Orgulho e Preconceito

O clássico da literatura escrito por Jane Austen teve diversas adaptações e a mais recente é a de 2005, digirida por Joe Wright. Keira Knightley vive a heroína Elizabeth Bennet e Mr. Darcy é interpretado por Matthew Macfadyen. Tudo neste filme está nos detalhes: os ângulos, a fotografia, os olhares e as interpretações dos atores.




sábado, 4 de junho de 2016

Bletchley Circle: mulheres brilhantes

Por Dora Carvalho

Bletchley Park é uma mansão tipicamente inglesa que fica no interior do país e escondeu na Segunda Guerra Mundial uma estação militar, a X Station, de decifração de códigos alemães. O matemático Alan Turing, que recentemente teve a biografia retratada no cinema com o filme O jogo da imitação (2014), era um dos responsáveis pelas análises de criptografia. No local, os primórdios da computação que conhecemos hoje começou a se desenvolver.
Mas, sempre que a Segunda Guerra é retratada, lembra-se mais das batalhas travadas entre soldados e pouco se fala sobre os combates feitos por cientistas e estrategistas que ficavam bem atrás da linha de ataque.
É esse o ponto que trata Bletchley Circle, uma das séries mais interessantes que assisti neste ano. O enredo retrata o papel das mulheres fora do front. Nos anos 40, durante o conflito, elas se acostumaram a trabalhar, a utilizar todo o brilhantismo e capacidade profissional e, após o término dos combates, foram obrigadas a retomar uma vida doméstica ao qual não estavam mais acostumadas. Mas suas vidas já estavam fortemente marcadas pela guerra e as consequências são inescapáveis.
As quatro protagonistas de Bletchley Circle têm capacidades tão incríveis que até nos lembram dos mutantes de X-Men. Lucy (Sophie Rundle) é capaz de memorizar textos, fotos, cenas e dados a ponto de reproduzir as informações como um computador. Susan (a excelente atriz Anna Maxwell Martin, que brilhou em Bleak House) tem a capacidade de reconhecer padrões em todos os dados que coleta e os conecta de maneira que possa criptografá-los ou decifrá-los. Jean (Julie Graham) é uma misteriosa bibliotecária que guarda segredos da Segunda Guerra Mundial e os mantém como trunfo para cobrar de autoridades informações sobre os casos que está investigando. Já Millie (Rachael Stirling) é a mais forte e independente de todas e não se limita às convenções sociais. E todas têm cérebros brilhantes e são capazes de encontrar pistas onde ninguém mais pode ver. Falar mais do que isso seria spoiler, pois o seriado é de mistério e nos instiga a montar os quebra-cabeças junto com as personagens.
O roteiro cheio de viradas é assinado por Guy Burt (The Borgias). Foram produzidas duas temporadas para a série, que tem um total de sete episódios, com cerca de 46 minutos cada um. Dá para assistir em maratona. Infelizmente, a produção, que era feita pela ITV na Inglaterra, foi cancelada sem explicações claras, apesar da grande audiência. Ao ver a série, fico me perguntando se os segredos retratados possam ter incomodado demais. As atitudes e decisões tomadas durante a Segunda Guerra ainda ecoam muito mais do que podemos imaginar.

A série está disponível no Netflix e também em DVD e Blu-Ray.






P.S. Bletchley Park é um local aberto a visitas e tem um site ótimo. Para matar a curiosidade sobre o local: http://www.bletchleypark.org.uk/