terça-feira, 27 de dezembro de 2016

As séries que farão 2017 começar bem

Por Dora Carvalho

Sherlock




No que se refere a séries, 2017 já vai começar muito bom. Logo no primeiro dia do ano, vai ao ar a tão esperada quarta temporada de Sherlock. Ainda é difícil saber quando chegará ao Brasil, mas o que se sabe é que o três episódios serão intitulados como “The Six Thatchers”. As últimas entrevistas dos produtores e atores indicam que os capítulos finais de uma das melhores adaptações já feitas para as histórias de Sir Arthur Conan Doyle devem superar as expectativas.
Sherlock ambienta no século 21 as famosas aventuras do famoso detetive britânico com uma agilidade e sagacidade de roteiro poucas vezes vistas na televisão. A série ainda tem à frente um dos melhores atores da atualidade. Benedict Cumberbatch tem sido um fenômeno em todos os trabalhos em que atua e, sem dúvida, é o principal responsável também pelo sucesso de Sherlock.



Desventuras em série



É grande a expectativa também em relação a estreia da adaptação para a telinha da saga dos livros campeões mundiais de vendas “Desventuras em série”, do escritor Daniel Handler e que já rendeu um longa estrelado por Jim Carrey em 2004. O ator Neil Patrick Harris (de How I met your mother) personifica Conde Olaf, tio de Violet, Klaus e Sunny Baudalaire, crianças orfãs obrigadas a ficar sob os cuidados de um parente mal-intencionado, interessado apenas em colocar as mãos na herança dos três. A estreia é dia 13 de janeiro.



Punho de Ferro e Os defensores



Quem é fã de Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage terá em 2017 uma super dose de super-heróis. O Netflix promete a estreia de duas séries desse universo da Marvel. Em março, estreia Punho de Ferro, com 13 episódios que conta a história de Daniel Rand (Finn Jones), um bilionário e monge budista com poderes especiais e mestre em kung fu.

Já Os Defensores deverá reunir todo o universo da Marvel já visto pelo serviço de streaming.



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Sully, um homem e sua escolha

Por Vilma Pavani

É típico do ser humano: sempre queremos heróis, aqueles que nos dão esperança quando tudo parece perdido. Talvez por isso parte da crítica tenha se decepcionado com o bom filme de Clinton Eastwood, “Sully - O Herói do Rio Hudson” (aliás, apenas “Sully”, em inglês), já que o personagem verídico - interpretado com a maior simplicidade e competência por Tom Hanks - passa longe da imagem do  sujeito valente que arrisca a vida para salvar o mundo. Até porque o verdadeiro Sully Sullenberger era um piloto de 57 anos quando "aterrissou" dentro do rio Hudson, em Nova York, com 150 passageiros a bordo e mais quatro tripulantes, durante um voo doméstico, sem que ninguém morresse. O avião tinha acabado de decolar quando colidiu com um bando de pássaros e ficou sem os motores, precisando fazer uma aterrissagem de emergência.
Na época, trabalhando em um jornal, lembro de olhar incrédula para as fotos do avião dentro do rio e das pessoas sendo recolhidas por equipes de resgate. Não me lembrava do rosto do piloto e do co-piloto, nem acompanhei as discussões posteriores sobre se eles poderiam ter pousado em algum aeroporto próximo, o que com certeza invalidaria o mérito do nosso "herói".
Bem, no cinema tive a chance, que todos podem ter, de saber como tudo aconteceu de fato.
Clint Eastwood continua um diretor de olhar afiado sobre as pequenas grandes coisas que caracterizam o ser humano. E mostra como um homem comum, ao ter de tomar uma decisão crucial, precisa contar com a experiência acumulada e arcar com as consequências de seus gestos. No filme, o incidente com o avião, por mais impressionante que seja, não é o essencial, mas sim a maneira como Sully lida com o problema e com as dúvidas que cercam sua atitude. Pois não bastava ter salvo a vida de todas as pessoas a bordo, ainda teve de defender sua posição. E é aí que o filme “pega”. Por exemplo, quando o confrontam sobre o critério usado para a decisão de pousar no rio, ele diz algo como "meus 40 anos de experiência” (Sully voava desde os 16 anos). Ou seja, não se trata apenas de coragem e nem mesmo de competência: decisões tomadas em momentos difíceis são fruto, também, das experiências, erros e acertos acontecidos ao longo do tempo.
Clint, como sempre, sabe do que fala. E Tom Hanks é um ator perfeito para o papel. Contido, distante de estrelismos, do histrionismo e do glamour aos quais é tão fácil a um ator de Hollywood se entregar, Hanks torna seu personagem absolutamente crível. Como seu personagem, ele é um cara fazendo seu trabalho da melhor maneira possível.
Não é um filme feito para ganhar Oscar, nem mesmo um grande filme. Mas é feito por gente inteligente, para ser assistido por quem gosta de pensar sobre o que faz um ser humano comum na hora em que tem de tomar uma atitude incomum.







Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Chesley Sullenberger, Jeffrey Zaslow, Todd Komarnicki

Elenco: Tom Hanks, Aaron Eckart, Laura Linney
Livro: Sully – O herói do rio Hudson - Chesley Sullenberger, Jeffrey Zaslow – Intrínseca, 2016.

Vilma Pavani é jornalista e acaba de se lembrar por que tinha medo de avião

sábado, 3 de dezembro de 2016

Dois filmes para quem adora ciência

Por Dora Carvalho

A chegada

Sem muito alarde inicial, o filme A chegada, dirigido por Denis Villeneuve, é, sem dúvida, uma das grandes surpresas do ano do gênero ficção científica. Roteiro, ritmo, fotografia, direção de atores e, sobretudo, a interpretação de Amy Adams, que protagoniza o filme na pele de uma especialista em linguística, constroem um novo tipo de sci-fi para a tela grande. Há todos os elementos de mistério de uma narrativa típica do gênero: alienígenas chegam a Terra sem barulho, sem ameaças, em 12 casulos que pairam no ar em 12 locais diferentes do planeta, gerando pânico, declarações de guerra e a iminência de um conflito global. Tudo isso simplesmente porque ninguém entende o porquê da presença dessas criaturas.
A dra. Louise Banks, vivida por Amy Adams, é uma das poucas capazes de construir pontes linguísticas que iniciam um processo de interação com os estranhos seres. A beleza do filme e do roteiro está na maneira como é feita essa construção. Villeneuve e o roteirista Eric Heisserer criam então um enredo de ficção científica que trata do que nos faz essencialmente humanos, sobre as incertezas em relação ao tempo que temos neste planeta e sobre uma contagem de tempo não linear. A maneira como expressamos ideias, sentimentos, sonhamos e percebemos o mundo é colocada em uma perspectiva de reaprendizado, afinal, como nos apresentaríamos para uma criatura de outro planeta? Como uma criança percebe o mundo?
O filme é baseado no conto de Ted Chiang, que tem como título original “Story of your life”. O ponto de partida a hipótese de Sapir-Whorf que, resumidamente, indica que a linguagem que usamos determina a maneira como pensamos.
O filme A chegada tem ainda Jeremy Renner e Forrest Whitaker. Embora estejam bem em seus papéis, o foco é na personagem de Amy Adams, que faz com que o espectador participe da história por meio de suas descobertas e leva quem assiste a sentir todo o processo de descoberta que a personagem está passando. Há muitas comparações sendo feitas com outras referências no gênero: 2001 – uma odisseia no espaço (Stanley Kubrick), Interestelar (Christopher Nolan), A árvore da vida (Terrence Malick) etc. A chegada é singular na maneira como humaniza as questões científicas mais básicas, como as dúvidas em relação a espaço-tempo, o quanto uma civilização pode alcançar em termos tecnológicos e a capacidade humana de lidar com os avanços do conhecimento sem criar uma corrida armamentista. É um roteiro que está muito mais para Isaac Asimov do que para possíveis homenagens a outros cineastas, é muito mais literário nas questões que aborda do que em termos de pretensão visual, embora seja um filme belíssimo. É uma narrativa simples, de entretenimento, mas que eleva a ficção científica a um patamar diferente, capaz de agradar tanto fãs do gênero quanto a desavisados ou quem está apenas em busca de uma história bem contada.





O homem que viu o infinito

Srinivasa Alyangar Ramanujan foi uma matemático indiano que, após uma infância difícil em Madras, na Índia, teve a oportunidade de apresentar a genialidade das descobertas que fez na Matemática na Universidade de Cambridge, Inglaterra, no período da Primeira Guerra Mundial. Desacreditado por outros acadêmicos por não ter uma formação convencional, foi obrigado a ultrapassar o preconceito e as formalidades acadêmicas para provar as teorias numéricas, séries infinitas, frações, dentre outras descobertas.
O filme de Matthew Brown – O homem que viu o infinito – é a bela cinebiografia do matemático indiano, interpretado pelo carismático Dev Patel. O ator faz uma fabulosa parceria com Jeremy Irons no longa, que vive o acadêmico Godfrey Harold Hardy, um defensor da beleza estética da matemática pura. O destaque do filme é sem dúvida as descobertas do protagonista, porém, o contexto social da época assim como as diferenças culturais, que determinam a maneira como se constrói conhecimento científico, é apresentado por meio das interpretações de Patel e Irons – um é jovem e entusiasta da difusão do conhecimento puro e simples, enquanto o professor mais velho fica entre a necessidade de inovação e o rigor da academia. O filme ficou em cartaz apenas no mês de outubro nos cinemas, mas acaba de ser lançado no Netflix.








sábado, 19 de novembro de 2016

Animas fantásticos e onde habitam: a magia está de volta

Por Dora Carvalho


O universo criado pela escritora britânica J.K. Rowling é tão rico e extenso que não é difícil imaginar uma série de livros e filmes para os próximos anos. O curioso e positivo foi a escolha do personagem Newt Scamander para retomar o mundo mágico dos bruxos. Quem leu os livros atentamente vai se lembrar que, embora ele tenha sido citado em vários momentos na obra, não era um personagem que saltava na trama. Era de se imaginar que outros personagens famosos como o próprio Lorde Voldemort, o bruxo e diretor de Hogwarts Alvo Dumbledore ou ainda os próprios pais de Harry Potter pudessem protagonizar alguma história. Mas acho que está aí o acerto de J.K. Rowling. A criação de um novo roteiro baseado em um personagem que não havia gerado tanta expectativa nos fãs foi uma aposta certeira, porque só criou ainda mais curiosidade.
Outro ponto importante é que essa escolha permite múltiplos cenários. A cidade de Nova York dos anos 20 em pleno desenvolvimento econômico como ponto desencadeador dos acontecimentos ajudou a gerar desdobramentos futuros que permitem a continuação neste mesmo local ou ainda a aposta em uma época ou país diferente. Fica provado em Animais fantásticos e onde habitam que as prometidas cinco sequências para o longa podem render muitas surpresas. Os próprios animais e a diversidade de criaturas, como os dragões, já renderiam boas histórias. Mas o foco da trama parece ser o vilão Gellert Grindelwald, vivido nas telas por Johnny Depp (perfeito!), que é citado de forma breve em Harry Potter e a Pedra Filosofal e depois ganha mais peso em Harry Potter e as Relíquias da Morte. A necessidade de o mundo bruxo ser escondido dos “trouxas”, ou seja, pessoas comuns, sem características mágicas, entra em discussão, já que há aqueles que sempre acreditaram em uma não separação entre bruxos e não-mágicos (a nova denominação utilizada em Animais fantásticos e onde habitam). Por um bem maior, os trouxas não podem saber da existência de poderes com os quais não sabem lidar sob o risco de tentar utilizá-los de forma perigosa, como em guerras. Mas há ainda aqueles que acreditam em uma união entre as pessoas, com a permissão de casamentos e criação de famílias de trouxas e bruxos, o ponto mais polêmico da discussão. Se antes a história girava em torno de um menino bruxo que sobreviveu a um terrível ataque do Lorde das Trevas, desta vez, todo o universo fantástico de J.K Rowling sustenta o enredo do mais novo longa e os próximos que estão por vir.
Como sempre, a escritora que também é produtora do filme, teve o cuidado extremo de escolher cada detalhe, principalmente, os atores. Eddie Redmayne (ganhador do Oscar pelo filme A teoria de tudo) foi uma escolha excelente. O ator, que já vem provando ao público a versatilidade com que interpreta diversos tipos, imprime um carisma ao personagem absolutamente diferente da impetuosidade de Harry Potter, Hermione e Rony, mas é ao mesmo tempo alguém tímido e destemido e, sobretudo, um apaixonado pelo mundo dos bichos, um cientista, um pesquisador que tem muito a revelar ao mundo. É o personagem que se revela aos poucos, algo que Redmayne faz com maestria. Eu não consigo deixar de relacionar a composição desse personagem com certas características de Hermione Granger, principalmente quando se fala da maleta mágica de Scamander.
A atriz Katherine Waterston, que vive Porpetina Goldstein ou Tina Goldstein, teve boa harmonia com Redmayne e, apesar de não ser tão conhecida da tela grande, provou ser a melhor escolha, já que faz uma auror expulsa de uma divisão de investigações do Ministério da Magia nos Estados Unidos, uma espécie de FBI bruxo.
Colin Farrel faz Percival Graves, mas o que se pode dizer aqui sem dar nenhum spoiler é que o personagem ajudar a entrelaçar a trama.
O lado cômico ficou por conta do personagem Jacob Kowalski, vivido por Dan Fogler, que faz um não-mágico e protagoniza as cenas mais divertidas da trama.
Queenie Goldstein, a irmã de Tina, vivida pela atriz Alison Sudol, é o personagem que, por enquanto, promete ter habilidades que podem render no futuro reviravoltas no enredo.

O filme é realmente encantador, não penas pela trama que é simples, porém, cheia de possibilidades, mas pelos lindos efeitos especiais e cenas de ação de arrepiar, tamanha a veracidade. Ainda mais considerando que se trata do impossível. A cena final é comovente: emoção e beleza em altas doses.




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Dr. Estranho: quando ator e roteiro encontram psicodelia

Por Dora Carvalho


É possível que Dr. Estranho, o mais novo longa da Marvel, seja um divisor de águas quando se fala em filme de super-heróis. Caso se confirme e a expectativa de recordes de bilheteria – e a estreia em 33 países já vem concretizando isso – o público vai querer cada vez mais de roteiristas e diretores. Isso porque Dr. Estranho, e definitivamente por causa de Benedict Cumberbatch, está entre os melhores longas do gênero da nova safra de adaptações de HQs para o cinema.
A atuação de Benedict Cumberbatch está simplesmente sensacional. O ator, que sem dúvida nenhuma é um dos melhores da atualidade, dá um tom tão perfeito ao personagem, com nuances que vão da extrema arrogância ao mais miserável dos seres, e ainda com a energia e força esperada de um super-herói, que produtores vão ter de pensar mais antes de selecionar novos protagonistas para encarnar essas criaturas fora do comum.
Cumberbatch é a personificação do Doutor Stephen Vincent Strange, personagem criado pelor Stan Lee e Steve Ditko nos anos 60, e um dos mais interessantes do universo Marvel. Dr. Estranho se utiliza da extrema inteligência e de características místicas para combater criaturas do mal. Além do fato de o personagem ser muito bem construído nos HQs, Cumberbatch foi capaz de dar as nuances necessárias para a complexidade do médico que se achava uma espécie de deus e perde a capacidade de fazer cirurgias após um grave acidente.
As características do personagem e o universo criado pelos quadrinhos foram muito bem utilizados pelos roteiristas Scott Derrickson e Robert Cargill. Derrickson também dirige o longa e, talvez pelo fato de ter a liberdade de direção e roteiro, conseguiu executá-lo com maestria, dando a necessária liberdade para o elenco estrelado atuar.
O filme tem ainda as presenças dos excelentes Mads Mikkelsen, que faz o vilão Kaecilius, e da incrível Tilda Swinton, a Anciã, que orbitam harmoniosamente em torno de Cumberbatch, um enriquecendo a atuação de outro. Esse é um dos pontos em que o longa Dr. Estranho se diferencia de outros filmes da Marvel. A escolha de atores do quilate de Mikkelsen, Swinton, Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, que tem uma papel crucial na trama, deixa o filme redondo, harmonioso, sem pontas soltas. Além disso, o roteiro usa e abusa das possibilidades místicas oferecidas por toda a simbologia exercida pelas religiões do Oriente. O filme ainda tem a qualidade de acelerar a história da formação e conversão do personagem principal indo direto para o que interessa – ao território desconhecido e intrigante da cultura oriental, com cenas mirabolantes e inacreditáveis na cidade de Katmandu, no Nepal. Mandalas começam a girar vertiginosamente levando o espectador para um mundo mágico e transcendente, onde a matéria se desfaz em minúsculas partículas para se refazer em multiversos. Os efeitos gráficos e especiais são tão bem executados que não cansam, tamanha beleza, remetendo muitas vezes ao infinito das obras do artista gráfico holandês M.C. Escher, onde as figuras e os espaços não têm começo e nem fim.

E ainda para arrematar esse contexto uma trilha sonora arrasadora, em que a sonoplastia é permeada com um som de cravo para dar uma sonoridade de outro mundo. E, como senão bastasse tanta beleza visual, Interestellar Overdrive do Pink Floyd nos encanta e nos mergulha em um mundo surreal, psicodélico e fantástico.







Dr. Estranho - 115 min
Direção e roteiro: Scott Derrickson
Marvel/ Disney

domingo, 30 de outubro de 2016

Outlander: viagem às Terras Altas da Escócia

A série de livros Outlander, ou A viajante do tempo, começou a ser escrita em 1988 de forma bastante despretensiosa, segundo a autora norte-americana Diana Gabaldon. Acabou se tornando uma super saga de oito volumes e, só recentemente, em 2014, ganhou as telinhas do canal Starz, dos Estados Unidos, com expressivo sucesso de crítica e público já no episódio-piloto. Tanto que os produtores, ainda no início da exibição dos primeiros 16 capítulos, decidiram renovar para a segunda temporada e, neste ano, mais duas sequências já foram confirmadas. Então, pelo menos até a quarta temporada o show está garantido. Aqui no Brasil, finalmente chegou ao Netflix, para alegria dos fãs dos livros, o que pode garantir novos episódios no serviço de streaming.
Diana Gabaldon está bem próxima da produção, oferecendo consultoria para os roteiristas. A primeira temporada tem episódios com a supervisão de Ronald D. Moore, criador da série para a TV. A escritora fez uma breve participação em uma cena do quarto episódio - “The Gathering”, como a personagem Iona McTavish.
Esse trabalho próximo da autora na adaptação da série para a TV garantiu muita precisão na escolha dos atores. O personagem de Jamie Fraser, vivido na telinha pelo ator escocês Sam Heughan, é a personificação de um montanhês do século 18. Além da caracterização, demonstra estar muito à vontade ao falar gaélico escocês. Caitriona Balfe, que faz a protagonista Claire, se entregou de tal forma ao papel que arrisco dizer que parece melhor do que a personagem do livro, descrita com personalidade um pouco mais hesitante no texto de Diana Gabaldon. A atriz deu nuances diferentes à personagem que, apesar de se deparar com a violência e os costumes de uma outra época, se apresenta de uma maneira mais convincente diante das dificuldades para alguém que viaja 200 anos na história e se depara com um tempo de violência e instabilidade política entre os escoceses e ingleses. Claire também precisa lidar com uma época em que era esperado das mulheres uma obediência cega aos maridos e, sendo alguém do futuro e com o conhecimento de fatos históricos, se utiliza de muito tato para não interferir no curso dos acontecimentos mais do que é necessário. Essa é a graça da maioria dos enredos que envolvem viagem no tempo: o fato de uma intervenção no passado mudar as circunstâncias futuras é o maior dilema dessas tramas, afinal, alguns personagem poderiam até deixar de existir. Então, o autor sempre consegue deixar quem lê ou assiste em constante estado de suspense. O leitor/espectador apenas ilusoriamente sabe o que vai acontecer no futuro.
Na adaptação para a TV não é diferente. Mas o roteiro da série buscou elementos que fizeram sucesso em tramas como Guerra dos Tronos e não poupa o espectador de cenas fortes de violência e crueldade. Curiosamente, a série caiu no gosto do público feminino no exterior e isso foi atribuído à força da atriz Caitriona Balfe e também de Sam Heughan, que formam o par romântico da trama e estão absolutamente entregues aos respectivos papéis, sobretudo, nas cenas mais quentes.
A recriação das Terras Altas escocesas e os costumes dos antigos clãs são impecáveis. Quem gosta de narrativas históricas poderá ver algo que pouco é retratado no cinema e TV: personagens falando em inglês antigo e no idioma da época (no caso é o gaélico escocês) e vestimentas que destacam com exatidão a posição dos integrantes daquele tipo de sociedade. Uma curiosidade: a série destaca objetos da época, como o fato de padronagem do xadrez dos tecidos indicar o clã ao qual uma família pertence, assim como os broches que os prendem ao corpo de homens e mulheres.
Livro e série contam a história do início da decadência desse estilo de vida e como os acontecimentos se desenrolaram nas Highlands. Antes essa região era isolada e tinha certa independência de costumes, mas precisavam se sujeitar à coroa inglesa. Com a queda dos clãs, a força política do centro do governo britânico prevalesceu. Isso é até hoje motivo de discussão. Não à toa, a Escócia fez recentemente um plebiscito para decidir se permanecia ou não como país ligado ao Reino Unido ou independente. A permanência ganhou por pouco.

O toque de fantasia do enredo da saga Outlander também é recheado de lendas celtas, a começar pelo início da narrativa, já que a protagonista atravessa uma espécie de portal do tempo em um antigo círculo de pedras. Aos poucos, os personagens vão revelando toda a mística em torno desses locais assim como os rituais druidas. Essa mescla de história, folclore, paisagens idílicas das Highlands e personagens muito intensos tornam a série Outlander singular. São tantos detalhes e ações, que é preciso assistir devagar para aproveitar. Já vi duas vezes e, como sempre acontece, na segunda pude absorver muito mais detalhes e perceber o capricho da produção e como as descrições do livro foram bem aproveitadas. Há bastante independência do roteiro televisivo em relação ao livro, o que me parece ser bastante vantajoso para o desenrolar de novas temporadas. 
Mas toda a riqueza de informações de livro e série deu origem a uma loja virtual em que os fãs podem comprar produtos oficiais da série. E o site oficial tem muitas curiosidades: https://www.starz.com/series/outlander/episodes
Agora é esperar que o Netflix disponibilize logo a segunda temporada e torcer para que seja tão boa quanto a primeira.




domingo, 23 de outubro de 2016

Ben Affleck faz um contador bom de briga

O filme O contador tinha tudo para ser mais um longa de ação, tiros e pancadaria. Mas o fato é que o roteiro é assinado pelo excelente Bill Dubuque (O juiz/2014), que vem enfileirando um filme mais interessante que o outro e atraindo a atenção das estrelas de Hollywood para longas que, de início, estão longe de ganhar os holofotes, mas acabam se destacando justamente pelas tramas bem elaboradas. Ben Affleck, por sua vez, também está em um ótimo momento da carreira e também vem selecionando papéis que o desafiam como ator, ainda mais agora que pode ficar estigmatizado como um Batman que ainda não mostrou muito a que veio.
O enredo de O Contador conta a história de Christian Wolff, um menino com Síndrome de Savant, com extrema habilidade mental para memorizar fatos e números, mas que sofre com problemas de interação social. Filho de um militar rigoroso, o garoto é treinado pelo pai para utilizar ao máximo as habilidades cerebrais e acaba se tornando um contador a serviço de mafiosos, traficantes e empresários ligados a atividades ilícitas.
Ben Affleck convence no papel. E não é só porque há um ligeiro dejá-vu de Demolidor (2003). Isso porque o roteiro o apresenta como uma espécie de super-herói disposto a ajudar os outros com suas habilidades extremas. Entretanto, precisa manter a identidade em segredo por estar sempre na berlinda entre o bem o mal. Além disso, faz o tipo cara durão e bom de briga e, em alguns momentos, um cowboy atirador. É uma mescla de diversas referências cinematográficas, com uma abordagem psicológica, já que a força do personagem vem justamente das dificuldades psíquicas enfrentadas. A trama reúne ainda J.K. Simmons (Ray) que faz um agente do imposto de renda americano e Anna Kendrick (Dana), uma contadora. Os dois personagens servem para nos mostrar os pontos de conexão da trama que vai ocorrendo em separado ao longo do filme e a maneira como o personagem de Affleck lida com as emoções e pessoas.
O que pode incomodar alguns espectadores é o fato de o enredo não ser linear, o que faz a trama perder um pouco o ritmo de ação e tornar alguns pontos um tanto confusos. Mas, ao final, essas aparentes falhas de roteiro indicam um propósito satisfatório. O enigma pode até ser decifrado um pouco antes por quem está mais atento à história.
O diretor Gavin O’Connor demonstra experiência à frente de filmes policiais, com cenas bem feitas de luta, mas com clichês típicos de longas de ação. Isso não é ruim, pois agrada o público em busca tiros e briga.
Se por um lado o longa apresenta as imensas dificuldades vividas por alguém que possui algum tipo de problema ligado ao autismo, por outro, demonstra que a sociedade ainda não sabe lidar com a ideia de que o nível de inteligência de grande parte da sociedade ainda não é calculado de uma maneira confiável ou adequada às habilidades de cada um e que o ser normal está muito longe das estatísticas consideradas oficiais. É um filme de pancadaria sim, mas também nos apresenta uma mensagem importante sobre como estamos lidando com o que consideramos diferente.

Apesar de o roteiro ser bem engendrado, fica a impressão da necessidade de um novo filme para explicar algumas características desenvolvidas pelo personagem. Se foi de propósito ou não e se a ideia for tornar o filme uma franquia, ficou faltando um pedaço da história de transformação do menino para o super-herói. O filme surpreendeu em bilheteria nos Estados Unidos no final de semana de estreia. Vamos aguardar se isso irá encorajar os produtores para uma continuação.





O Contador
Direção: Gavin O'Connor 
2h10


domingo, 16 de outubro de 2016

Inferno vale apenas para os fãs de Tom Hanks

Por Dora Carvalho

Após o sucesso estrondoso em torno do livro O código Da Vinci, o escritor Dan Brown manteve a fórmula nos romances seguintes, sempre embalando as estórias com algum tipo de provocação a governos, corporações ou instituições religiosas. A polêmica que gira em torno de suas últimas obras sempre é o termômetro para o sucesso ou não das adaptações para o cinema. Mas tem outro fator que vem estendendo a vida do personagem Robert Langdon nas telas: Tom Hanks.
Inferno, a terceira adaptação para as telas de um livro de Dan Brown, apresenta mais um caso a ser resolvido pelo professor de simbologia Robert Langdon que, desta vez, precisa impedir que um grande mal se espalhe pelo planeta. O enredo utiliza a simbologia do Inferno de Dante, tanto de A divina comédia de Dante Alighieri, como a obra O abismo do inferno, do pintor renascentista Sandro Botticelli, e leva o espectador a desvendar, junto com o personagem, os caminhos que podem levar ao extermínio ou não da humanidade.
O filme é bastante fiel ao livro, mas ganha em ritmo e velocidade, já que a estória de Dan Brown tende a se arrastar em alguns momentos da trama. Mas o fato é que o carisma de Tom Hanks vai levando o espectador pelo enredo e, mesmo com algumas fantasias exageradas na adaptação para as telas, o carisma do ator pelo menos nos leva a rir da situação. O roteiro, assinado por David Koepp, perde, porém, em tirar do espectador o suspense que os livros de Dan Brown costuma imprimir em seus enredos, fato que pode deixar muitos fãs do autor muito desapontados.

O longa é bem melhor que Anjos e demônios (2009), que derrapou feio em bilheteria e foi execrado pelos fãs de Dan Brown. Tanto que Inferno conseguiu no final de semana de estreia melhor resultado em bilheteria até agora. Produtores e distribuidores tiveram a esperteza de lançar o filme em um período de poucos destaques, o que deve alavancar as vendas de ingressos. Ou deve ser Tom Hanks mesmo que atrai fãs, seja como Forrest Gump, Capitão Philips ou Robert Langdon.





Inferno
Direção: Ron Howard - 117 min. 

sábado, 8 de outubro de 2016

Duas vezes Colin Firth

Por Dora Carvalho

O ator Colin Firth passeia pelo drama, comédia, ação, aventura com a mesma desenvoltura e elegância dos atores de antigamente. Desde que atingiu o estrelato no papel de Mark Darcy em O Diário de Bridget Jones, em 2001, não tem um ano em que o ator não esteja estrelando um longa, seja um blockbuster ou uma produção do circuito independente.
O fato é que mesmo antes do estrelato, em 1995, na BBC, Firth já mostrava que a carreira seria longa, após o sucesso como Mr. Darcy na série televisiva Orgulho e Preconceito (1995). À época, acabou sendo considerado a personificação perfeita do personagem do romance de Jane Austen. Não à toa, quando o livro O diário de Bridget Jones foi adaptado para a telona, logo o nome de Colin Firth veio à tona para interpretar Mark Darcy ao lado da protagonista da história, já que o romance é uma versão satírica de Helen Fielding para o clássico da literatura britânica. Bridget Jones é uma anti-heróina dos nossos tempos que se apaixona pelo sisudo e rico Mark Darcy, assim como Lizzy Bennet e Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito.
De lá para cá, a comédia romântica é sucesso de público e ganha uma terceira história. Desta vez, Bridget e Mark Darcy tem de lidar com uma gravidez não planejada e, para piorar, a protagonista não faz a menor ideia de quem é o pai. O filme tinha tudo para ser apenas uma esticada forçada no enredo que parecia já ter se esgotado. Mas o talento dos atores, tanto de Renné Zwelleger como Colin Firth, faz com que o filme renda um momento de entretenimento que vale à pena aproveitar. É nítido que os atores estão se divertindo em cena, provando que mesmo os mais talentosos podem se dar ao luxo de fazer um trabalho leve, para entreter as massas, sem se preocupar com a crítica. O filme é divertido e acerta em cheio ao tratar dos dramas das mulheres na faixa dos 40 anos, com bom humor e de um jeito bem politicamente incorreto.







Já o filme O mestre dos gênios (2016) traz Colin Firth em um drama biográfico. O ator vive Maxwell Perkins, o famoso editor de escritores como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e Thomas Wolfe, vivido no longa com mais destaque por Jude Law. O enredo apresenta a maneira peculiar com que Perkins editava os livros e sugere que a grandeza das histórias desses autores estava na influência do editor sobre o trabalho dos romancistas e funcionava como uma espécie de mentor para eles. Foi Perkins que descobriu o talento desses artistas, quando ainda eram completos desconhecidos. O filme se passa nos anos 30, com uma bela recriação de época e um trabalho afinado do diretor de teatro Michael Grandage, que está a frente de sua primeira produção para o cinema. O longa, que tem ainda Nicole Kidman, Laura Linney e Guy Pearce, deve estrear no final deste mês.




domingo, 18 de setembro de 2016

Francofonia: uma reflexão sobre o legado da arte

Por Vilma Pavani

O cineasta russo Alexander Sokúrov tem uma legítima preocupação com a História e, em especial, com a arte que a permeia e representa. Ele já nos deu a Arca Russa em 2002, quando o tema era o Hermitage, o grande museu russo, e agora nos traz Francofonia, o Louvre sob Ocupação, de 2015. Não se pode classificá-lo totalmente: é ao mesmo tempo um filme, documentário, ficção, a visão pessoal de uma época e uma temática. De certa forma, reescreve uma fase da história – a ocupação da França pelos exércitos de Hitler, a partir das imagens do diretor em seu escritório tentando contato com um navio que carrega inúmeras obras de arte, em meio a um mar bravio, que não sabemos exatamente onde fica. A comunicação é difícil e fragmentada, sendo difícil prever o que pode acontecer com o navio e seu precioso carregamento. Até porque, sabe-se, uma das formas de se reduzir os riscos de naufrágio é jogar a carga ao mar. A tecnologia é insuficiente para conectar os personagens (diretor/capitão) com segurança, assim como o destino das obras de arte (hoje ou em qualquer época) está sujeito a uma série de variáveis históricas, geográficas, humanas, etc. Seria possível salvar as obras e o navio? Não há resposta no filme – como não há resposta para isso no mundo real, em que as guerras já causaram a perda de tantas coisas belas – lembremos que recentemente talibãs destruíram sítios arqueológicos de valor inestimável, por exemplo. E a qualquer momento, tudo pode acontecer.
É um filme nada fácil – Sokúrov nunca é fácil – e que exige do expectador uma ligação direta com as angústias do diretor com relação ao passado/presente/futuro da arte. No caso do Louvre, fica claro que a sintonia entre o invasor e o perdedor, mesmo que nunca clara e transparente, foi necessária para a sobrevivência de muitas das maiores obras de arte de todos os tempos, ameaçadas pelas botas da soldadesca. O valor dado por Sokúrov à herança cultural é visível em cada detalhe e particularmente pela frase que o identifica: “O que seria de mim se não conhecesse os olhos dos que vieram antes de mim?”.
Cores saturadas, personagens que vagueiam pelo museu, uma fotografia maravilhosa, fazem de Francofonia uma grande experiência, um ponto de reflexão. Se a ideia é se divertir, fique longe desse filme. Nada contra o cinema de diversão, mas a proposta aqui é outra.
Ah, fiquei curiosa sobre o título, e na minha santa ignorância desconhecia que é um termo bem específico. De modo geral, diz o dicionário que trata-se da adoção da língua francesa como língua de cultura por quem tem outro idioma como vernáculo. Ou como explica mais longamente a Wikipedia, “francofonia é a região linguística descontínua e que corresponde à comunidade linguística que envolve todas as pessoas que têm em comum a língua francesa, chamadas de "francófonas" ("francoparlantes" e "francofalantes" são grafias também aceitas), e, a partir dela, compartilham de aspectos culturais semelhantes. Integrados nesta comunidade estão também os que têm o francês  como segunda língua. Essa diáspora provocada pelos falantes iniciais espalhou pelo mundo o idioma francês. Assim foi feita uma distribuição geográfica da língua francesa, que compreende a análise da distribuição dos milhões de francófonos que há no mundo. É o idioma oficial, ou co-oficial, principalmente, de países americanos, africanos e europeus.”
O filme já estreou há algumas semanas, mas ainda dá tempo para ver nas salas do circuito de artes.





Francofonia: Louvre Sob Ocupação (Francofonia) – França, Alemanha, Países Baixos, 2015
Direção e roteiro: Aleksandr Sokúrov
Elenco: Aleksandr Sokúrov, Louis-Do de Lencquesaing, Benjamin Utzerath, Vincent Nemeth, Johanna Korthals Altes, Jean-Claude Caër, François Smesny, Peter Lontzek
Fotografia: Bruno Delbonnel

Vilma Pavani é jornalista, não é francófona, mas ama a língua e cultura francesas.

domingo, 11 de setembro de 2016

Café Society: o bom e velho Woody Allen

Por Dora Carvalho

Quando os primeiros acordes de jazz tocam nos créditos de abertura, a sensação de conforto é instantânea: enfim, um filme de Woody Allen para nos trazer o prazer de um bom enredo, cinema de primeira linha e um misto de comédia e melancólia. E Café Society reúne o melhor do cineasta: uma homenagem explícita ao cinema de antigamente, os áureos anos 30, com o glamour dos artistas da época, as festas de gala, regadas à espumantes e um brilho cinematográfico que há muito se perdeu. Allen também faz autorreferências através do personagem de Bobby Dorfman, interpretado de forma excelente por Jesse Einsenberg e quase vemos o próprio diretor na pele do ator. Tem também o humor que vai se sobrepondo em diálogos frenéticos: piscou e logo já vem outra piada mordaz. E ainda a sátira ao modo de vida de quem estava envolvido com o mundo hollywoodiano nos primórdios dos blockbusters. Quando pensamos que para por aí, o velho e bom Woody Allen recria quase que um Grande Gatsby na Nova York dos anos 30 e, é claro, desfila as paisagens da cidade e demonstra todo o amor que tem pelos cenários nova-iorquinos e sempre tão fotogênicos e encantadores nas lentes do diretor.
Muitos podem dizer que não é Woody Allen em sua melhor forma. Mas como não amar perceber a mão do cineasta em atores sofríveis e arrancar deles o melhor que podem fazer, como é o caso da atriz Kristen Stewart. Jesse Eisenberg está excelente, mas fica melhor ainda do lado da família judia – um ator melhor que o outro e Allen perfeitamente à vontade para escrever diálogos satíricos em referência às próprias origens familiares. Ben Dorfman, vivido por Corey Stoll, que fez Ernest Hemingway em Meia-noite em Paris, volta a trabalhar com o diretor em Café Society em um personagem sensacional: um gângster super estereotipado, mas extremamente engraçado. Jeannie Berlin faz a típica mãe judia Rose e está hilária. Steve Carrell é Phil Dorfman, um agente das estrelas de Hollywood, personagem que faz a costura do enredo, já que a trama se alterna entre a California e New York ao longo do filme.

Café Society é o primeiro filme do diretor com financiamento feito pela Amazon Studios, braço da Amazon.com, que tem escolhido grandes diretores em suas primeiras investidas na tela grande. Mas, qualquer que seja a motivação para fazer o filme, Woody Allen acerta a mão e nos ajuda simplesmente a nos apaixonar ainda mais pelo mundo do cinema.