Por Vilma Pavani
É típico do ser humano: sempre queremos heróis, aqueles que nos
dão esperança quando tudo parece perdido. Talvez por isso parte da crítica
tenha se decepcionado com o bom filme de Clinton Eastwood, “Sully - O Herói do
Rio Hudson” (aliás, apenas “Sully”, em inglês), já que o personagem verídico
- interpretado com a maior simplicidade e competência por Tom Hanks - passa
longe da imagem do sujeito valente que arrisca a vida para salvar o mundo.
Até porque o verdadeiro Sully Sullenberger era um piloto de 57 anos quando
"aterrissou" dentro do rio Hudson, em Nova York, com 150 passageiros
a bordo e mais quatro tripulantes, durante um voo doméstico, sem que ninguém
morresse. O avião tinha acabado de decolar quando colidiu com um bando de pássaros
e ficou sem os motores, precisando fazer uma aterrissagem de emergência.
Na época, trabalhando em um jornal, lembro de olhar incrédula
para as fotos do avião dentro do rio e das pessoas sendo recolhidas por equipes
de resgate. Não me lembrava do rosto do piloto e do co-piloto, nem acompanhei
as discussões posteriores sobre se eles poderiam ter pousado em algum aeroporto
próximo, o que com certeza invalidaria o mérito do nosso "herói".
Bem, no cinema tive a chance, que todos podem ter, de saber como tudo aconteceu de fato. Clint Eastwood continua um diretor de olhar afiado sobre as pequenas grandes coisas que caracterizam o ser humano. E mostra como um homem comum, ao ter de tomar uma decisão crucial, precisa contar com a experiência acumulada e arcar com as consequências de seus gestos. No filme, o incidente com o avião, por mais impressionante que seja, não é o essencial, mas sim a maneira como Sully lida com o problema e com as dúvidas que cercam sua atitude. Pois não bastava ter salvo a vida de todas as pessoas a bordo, ainda teve de defender sua posição. E é aí que o filme “pega”. Por exemplo, quando o confrontam sobre o critério usado para a decisão de pousar no rio, ele diz algo como "meus 40 anos de experiência” (Sully voava desde os 16 anos). Ou seja, não se trata apenas de coragem e nem mesmo de competência: decisões tomadas em momentos difíceis são fruto, também, das experiências, erros e acertos acontecidos ao longo do tempo.
Clint, como sempre, sabe do que fala. E Tom Hanks é um ator perfeito para o papel. Contido, distante de estrelismos, do histrionismo e do glamour aos quais é tão fácil a um ator de Hollywood se entregar, Hanks torna seu personagem absolutamente crível. Como seu personagem, ele é um cara fazendo seu trabalho da melhor maneira possível.
Não é um filme feito para ganhar Oscar, nem mesmo um grande filme. Mas é feito por gente inteligente, para ser assistido por quem gosta de pensar sobre o que faz um ser humano comum na hora em que tem de tomar uma atitude incomum.
Bem, no cinema tive a chance, que todos podem ter, de saber como tudo aconteceu de fato. Clint Eastwood continua um diretor de olhar afiado sobre as pequenas grandes coisas que caracterizam o ser humano. E mostra como um homem comum, ao ter de tomar uma decisão crucial, precisa contar com a experiência acumulada e arcar com as consequências de seus gestos. No filme, o incidente com o avião, por mais impressionante que seja, não é o essencial, mas sim a maneira como Sully lida com o problema e com as dúvidas que cercam sua atitude. Pois não bastava ter salvo a vida de todas as pessoas a bordo, ainda teve de defender sua posição. E é aí que o filme “pega”. Por exemplo, quando o confrontam sobre o critério usado para a decisão de pousar no rio, ele diz algo como "meus 40 anos de experiência” (Sully voava desde os 16 anos). Ou seja, não se trata apenas de coragem e nem mesmo de competência: decisões tomadas em momentos difíceis são fruto, também, das experiências, erros e acertos acontecidos ao longo do tempo.
Clint, como sempre, sabe do que fala. E Tom Hanks é um ator perfeito para o papel. Contido, distante de estrelismos, do histrionismo e do glamour aos quais é tão fácil a um ator de Hollywood se entregar, Hanks torna seu personagem absolutamente crível. Como seu personagem, ele é um cara fazendo seu trabalho da melhor maneira possível.
Não é um filme feito para ganhar Oscar, nem mesmo um grande filme. Mas é feito por gente inteligente, para ser assistido por quem gosta de pensar sobre o que faz um ser humano comum na hora em que tem de tomar uma atitude incomum.
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Chesley Sullenberger,
Jeffrey Zaslow, Todd Komarnicki
Elenco: Tom Hanks, Aaron Eckart, Laura Linney
Livro: Sully – O herói do rio Hudson - Chesley Sullenberger, Jeffrey Zaslow – Intrínseca, 2016.
Vilma Pavani é jornalista e acaba de se lembrar por que tinha medo de avião
Vilma Pavani é jornalista e acaba de se lembrar por que tinha medo de avião
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